Um aprendizado...

Por Andrea Dip*

Quando meu filho estava para nascer, eu saí em um retiro de Yoga pré - parto no meio do mato. Sempre quis ter um parto natural, e o retiro prometia ensinar a fazer da "hora" um aprendizado, um momento não traumático (para mãe e bebê). De fato ajudou muito. Eu tinha em mente que tinha que ser bom. Iria aprender com aquilo, as dores tinham motivo e iriam passar. Tive meu parto natural e amei aquele ser pequeno e lindo que foi meu cúmplice.

De tudo o que a mestre ensinou naquele dia, uma coisa em particular ficou cravada em mim. E é disso que eu quero falar: passar pelas dores fortes (muito, muito fortes) como quem larga o corpo em uma onda, que vai acabar. Largar mão, não lutar contra, abrir os braços e sentir a dor. Não evitar, mas também não super valorizar. Saber que simplesmente vai passar.

Ajudou no meu parto, e ajudou quando me separei do pai do meu filho. Foram ondas fortes de dor, só que no coração. Passei meses sendo "corajosa", "brava", "guerreira", lutando contra meus medos, minhas inseguranças e instintos tão primitivos de desespero que me consumiam.

Aí, de repente, me lembrei da onda. Um conselho tão simples e sábio como só um mestre pode dar. E larguei o corpo. Entendi e aceitei minhas inseguranças, assumi o amor que sentia na época e percebi que não poderia consumir alguém que não sentia mais aquilo. Simples assim.

Foi a onda. Passou. Agora respiro serena e aproveito meu crescimento. Tenho um namorado novo e não jogo sobre ele MINHAS expectativas e MINHAS ansiedades. Tem funcionado super bem!

Todo sofrimento é para o bem enfim, se agente não negar. Largar o corpo, aprender e se orgulhar de ter sobrevivido.